Eu agora ia ali num instante parir, mas não posso. Ou não quero, já nem sei.

17.4.11
A propósito da reportagem sobre mães a tempo inteiro na NM, é verdade que, como diz Catarina Carvalho no editorial, só toma essa opção quem pode. Eu continuo a insistir que mais do que poder é preciso querer, mas que sei eu da vida tendo em conta que em vez de chorar porque este país está transformado numa valeta de vómito, me ponho a chorar que estou farta de estar grávida, sabendo que a seguir vou continuar a chorar porque me doem as mamas e não durmo e estou gorda e sabe-se lá o que mais?
Bom, retomando o fio à meada, é verdade que só fica em casa a cuidar dos filhos quem pode só que o que não foi dito é que para poder é preciso, por exemplo, ir ao médico ao Centro de Saúde, porque não tendo emprego não se pode ter seguro de saúde. Os filhos nascem no hospital público e vão para a escola pública, naturalmente. Não quer dizer que a opção fosse diferente mesmo tendo um emprego, porque ainda creio no Estado social (e na bondade do ser humano, amém) , mas isso é uma conversa para outra altura. Isso e os fins-de-semana em Paris,Viena e Ponte de Lima.

5 comentários:

  1. Fiz tantas entrevistas e este trabalho revelou-se tão profundo e complexo que mesmo no texto que escrevi para a revista (com muitos carateres) senti que ficaram muitas coisas por dizer. Eu também acho que é preciso querer (eu, por exemplo, até alinhava num trabalho com menos horas com o mesmo salário) mas acho que não seria capaz de ficar em casa com o miúdo, portanto sou das que não quer (mesmo que pudesse) - o que me faz admirar ainda mais as mães que entrevistei.

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  2. E ainda assim ficou uma reportagem bastante completa, com retratos de mães muito diversos. Agora tens de tratar de escrever sobre pais que ficam em casa a ver se as coisas começam a mudar ;)

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  3. Estive a ler a reportagem... Sou mais uma mãe a tempo inteiro por opção.

    Há que ache um desperdício por ser licenciada, mas certo é que estou feliz com a opção que fiz.

    O meu filho de 2 anos é uma criança, feliz, calma, segura pouco dada a birras.
    Cuido da casa, da horta, dos cães, da família.

    Saio quando quero, limpo o pó quando quero, descanso quando me apetece, vou à net quando tenho vontade... livre de horários e patrões chatos.

    Estar em casa não quer dizer que se esteja lentamente a morrer estúpida... existem muitas actividades estimulantes para se fazer, desde que se queira!

    :))

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  4. Eu estou na eminência de ficar em casa. A minha bolsa acabou e não acredito que seja renovada (FMI e tal...). Ficaria com a mais pequena dos 3 (19 meses). Não é que me assuste o trabalho de casa. Pelo contrário. Em muitos momentos gostava que fosse essa a minha vida. Mais simplificada. Com menos "ajudas" compradas, mais à minha maneira (sou um bocado maníaca de controlo de como as coisas são feitas).

    O que me assusta é a alteração da dinâmica de poderes no casal. Aquela coisa do ordenado. Do "tu não estás a contribuir". Sim, eu sei que estou a contribuir. Eu sei que é muito válido, por vezes muito mais que um trabalho. Mas nesta sociedade (isto não é só o meu marido... é o que nos rodeia) o nosso contributo é validado pelos euros que retorna ao final do mês. O mesmo trabalho é visto de forma muito diferente e considerado mais, ou menos, importante se gerar 500 euros ou 1500 euros. Isso assusta-me. E muito!

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  5. A mim também, Joana, acredita. Quando nasceu a mais velha e decidi despedir-me do emprego ainda consegui ficar a ganhar uns trocos como freelancer, o que me fazia sentir menos mal. Agora, sou pura e simplesmente sustentada pelo Jaime, que é pai dos meus filhos, é certo, mas...Por isso é que eu acho que esta opção apesar de muito válida e bonita e tudo e tudo é tramada!

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