Canseira

26.2.14
Já abri esta caixa de texto umas dezenas de vezes. É estranha esta relação que se cria com a escrita num blog  (a Dora deve ter algumas teorias interessantes sobre isso).
Uma pessoa vem aqui despejar coisas, arrumar ideias, etc., mas dá por si a precisar de vir aqui, porque tem de escrever ponto final e depois vê que, afinal, não tem nada para dizer.
Sim, há sempre histórias que se podem contar, apesar de eu não ser propriamente boa nisso. Por exemplo, gostava de vos falar da Tina e da Gina, duas amigas que passavam à minha porta quando eu era pequena e que andavam sempre vestidas de igual. Anos mais tarde vi-as reproduzidas na Graça e na Adosinda, outras duas amigas que estudaram na minha turma.
Duas pessoas iguais no meio da multidão pode ser uma história, sim, mas para mim é só uma imagem.
Também há sentimentos que se podem partilhar, e aí sou capaz de o fazer um pouco melhor, mas ainda não descobri como explicar que dei por mim a ter medo dos meus filhos. Se calhar devia deixar os compridos e não me importar de chorar baba e ranho e comer dois pasteis de nata mais oito macarons de uma vez (ah, espera, isso já faço) e atacar os ataques de pânico com desporto e religião, porque andar para aqui em aflições, com medo que uns fiquem tristes por não lhes levar "uma coisa" quando os vou buscar, ou desiludida, a outra, por não se mascarar no Carnaval como gostaria, é uma canseira e uma estupidez.

3 comentários:

  1. Ontem queria escrever do medo que ganhei quando pensei no meu filho (13 anos de gente) medo que cresça, e cresce todos os dias, física e psicologicamente, mas se um crescimento não acompanhar o outro? Se ambos não acompanharem/aceitarem a mim? Se de repente tudo muda e o abraço acaba e o beijo acaba e a vontade que (as vezes acontece) de o dar para adopção (mesmo que o diga a brincar) passe a ser um pensamento em gestação. As vezes tenho medo e também tenho ideias que encaixam bem na minha cabeça mas passadas para o papel não me dizem nada e assim se abre o caderno, se pega na caneta e se fica horas a começar a escrever, riscar, começar a escrever, riscar e na volta até devia ter escrito e deitado cá para fora, porque este vicio dos blogues até resulta, a malta desabafa e eu gosto disto (e do que leio aqui)

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  2. Eu tenho medo de os traumatizar, que se sintam inferiores aos outros, sei lá porquê, que se metam na puta da droga, que não aprendam bem, que não sintam os suficiente o quanto os amamos... é um sem parar de merdas. Que são isso mesmo...

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