A rapariga da sombrinha

21.1.16


Praia do Cristo Rei (já não mostrava uma praia há muito tempo)

Cruzei-me com a rapariga que descia do Cristo Rei com um guarda-chuva para se proteger do sol. Talvez fosse uma sombrinha, afinal. Na verdade não sei qual a diferença, a não ser a função.
A rapariga chinesa era, entre as várias dezenas de chineses que passeavam por ali naquele dia, a única com uma sombrinha e por isso chamou-me a atenção. Por isso e porque estava demasiado vestida para este calor, com umas leggings pretas debaixo de um macacão.
Também reparei no rapaz com uma camisa e uns calções amarelos com palmeiras verdes e a máquina fotográfica pendurada no pescoço. Era o retrato perfeito do turista. Tão perfeito que só podia ser uma ironia.
Lembrei-me que um dia destes, quando não houver crocodilos no mar e os resorts começarem a crescer como cogumelos, Timor vai estar cheio de turistas. "Antes crocodilos que turistas, essa espécie do demo", disse-me uma amiga. É engraçado como gostamos tão pouco de turistas, mesmo quando somos um deles. Ficamos chateados por ter de esperar tanto tempo para subir à Sagrada Família e maldizemos a quantidade de anormais que querem ir ao Museu d 'Orsay de todas as vezes que lá tentamos entrar. Como se nós próprios não fossemos um deles. 
Estava já na praia e via ao longe, depois das rochas que a maré baixa descobriu, um outro grupo de chineses que nadava. Do lado de cá da rochas, estavam alguns timorenses e os meus filhos. 
A rapariga da sombrinha chegou e ficou parada no meio do areal. E sem mais nem menos veio-me à memória o filme do Philipe Seymour Hoffman, que retrata tão bem isto de andarmos todos à procura de agradar alguém.

3 comentários:

  1. A cor do mar, é impressionante, roubou-me o olhar. Só há pouco tempo ouvi falar de crocodilos no mar, a proposito da Costa Rica, e agora outra vez...
    Bonita imagem a da rapariga de sombrinha e leggings.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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