O supermercado

7.3.17

Um dia destes estava a ouvir as histórias fabulosas de um rapaz que trabalha aqui em Timor, na área da agricultura sustentável, e a pensar "meu deus, eu também quero fazer coisas assim, desbravar caminhos nunca antes desbravados, viver apaixonada pelo que faço, descobrir coisas novas sobre o Universo (nesta parte do mundo é fácil isso acontecer)", e depois fui ao supermercado.
O supermercado é o sítio onde vou mais frequentemente, não só pelas razões óbvias, mas sobretudo porque não há assim muito mais onde ir. Sim, isso mesmo. Quer dizer, há um shopping, mas não vamos falar sobre isso, e há a praia, mas como dizia no outro dia um italiano, a viver nesta parte do mundo há alguns anos, o Natal é especial, porque acontece uma vez por ano. Ou seja, quando se pode ir à praia todos os dias, a praia deixa de ser um sítio desejado.
Portanto, eu que sempre odiei supermercados agora passo a vida num. É claro que não é um supermercado qualquer (viste, Jaime, como sou tão simpática?), é o sítio onde quase toda a gente se encontra para tomar café, por exemplo, e é capaz de ser o supermercado com a melhor banda sonora do mundo.
Seja como for, depois da conversa que me pôs a pensar como seria bom desbravar caminhos nunca antes desbravados, viver apaixonada pelo que faço e descobrir coisas novas sobre o Universo fui abastecer a despensa e depois fui almoçar ameijoas e caril de camarão. Ou seja, fui à minha vidinha.
Só que o Universo é essa coisa muito engraçada e agora sempre que vou ao Páteo (Jaime, depois discutimos o preço deste post) olho para o jardim que está na foto e lembro-me da conversa com o tal rapaz, porque foi ele que fez aquilo.
Todos os dias, ou quase todos os dias, olho para aquele jardim e penso "que bom deve ser olhar para uma coisa destas e saber que fomos nós que a fizemos. Assim, tipo, fazer mesmo com as nossas mãos e que é a fazer coisas assim que ganhamos a vida".

P.S deu para perceber que o Jaime trabalha no supermercado, certo?

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