Mãe

19.3.18
A minha avó, que continua agarrada à vida com unhas e dentes, ainda que as unhas estejam nuns dedos com osteoartrite e os dentes numa prótese acrílica, chama pela mãe quando delira.
É quase sempre antes do sol nascer, esse momento da madrugada que nos põe entre mundos, que se ouve a minha avó: Ó mãe, ó mãe, mãeeee.
Cresce uma aflição ouvi-la e depois a ver a filha, a minha mãe, a responder-lhe ao chamamento.
É dia do pai, eu sei, mas a minha vida tem sido feita de mães. 

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